quarta-feira, 4 de agosto de 2010

1.

Almost blue. Aquelas notas já não soavam mais como antes. Se antes meus ouvidos não desgrudavam daquele trompete que enchia as noites com a seu melancólico, mas potente, sopro, nesse momento, sim, deitado, espreguiçado e esgarçado nessa hidro, sozinho, só consigo escutar a vassourinha se arrastando pela bateria, se arrastando como o meu corpo por essa piscina. Por essa piscina vazia. E afinal, não faz tanto tempo assim, faz? Não faz tanto tempo que pude sentir seu cheiro sobre meu corpo, me cobrindo com sua pele, roçando os meus pelos e enlouquecendo os meus membros. Não, não faz muito tempo que ela se levantou ao início da manhã vestiu-se pôs a bolsa embaixo do braço e pegou um pão dos que a senhora Marilene deixa na cozinha para que eu possa tomar meu café da manhã sob o meu silêncio e saiu pela porta da frente. Não, não faz mais do que uma semana que acordei sozinho nessa casa após noites e noites de insônia forçada.

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