domingo, 23 de janeiro de 2011

No aeroporto

Os dois, sentados, esperavam pela chamada do vôo. Luisa, apesar de tudo o que havia acontecido, não tinha sido fácil, mantinha a mesma paciência zen com que levara a viagem. Não é como se ele tivesse feito coisas terríveis a mim. Não ainda. Apenas umas coisinhas pequenas mas que poxa, tenho certeza que foram culpas do garçom que realmente estava dando mais atenção a mesa do lado da nossa, trocando todos os nossos pedidos. Realmente, seria fácil, ignorava Luisa, aceitar essas coisas fosse ele um simples companheiro de viagem de um final de semana e não um homem, o homem, para quem há três meses e treze dias ela havia dito que sim, que na alegria e na tristeza, na riqueza e na pobreza, na saúde e na doença, por toda a  minha vida até que a morte nos separe. Não. Nesse caso aguentar seus pequenos surtos, não parecia ter esquecido ainda a forma como ele chutou as pessoas no metrô enquanto saiam por fazerem os dois saltarem duas estações depois do que deviam. Aguentar seus pequenos surtos portodumavida  talvez se provem um pouco mais complicados. E se provaram. Mas nesse momento, enquanto esperavam a chamada do vôo 7489 sentados em cadeiras extremamente desconfortáveis no aeroporto do Cairo, tudo isso não passava de uma ligeira impressão que ela tratou de nem reparar, deixou ela passar. É só o estresse da viagem, quando voltarmos pra casa tudo vai voltar ao normal.

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